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22/05/2019 | Plusoft

Você quer se sentir único ou quer ter privacidade?

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Parece que uma das questões que mais se ouve nos dias de hoje é: quem não gosta de se sentir único e especial? Na era da experiência, em meio a milhares de pessoas em todo o mundo, clientes comprando e fazendo escolhas 24 horas por dia, sentir que a sua marca preferida fala com você, te conhece pelo nome, mostra que sabe seus gostos, suas preferências e, melhor ainda, que aponta o que você vai precisar, é coisa boa de se experimentar, não é mesmo? É como se a tecnologia possibilitasse a cada um de nós, ter um assessor especialista em nossos gostos e desejos, sempre disponível para nos ajudar.

Só que, ao mesmo tempo, o que está por trás de “ser tão especial assim? O compartilhamento dos seus dados. Como? No momento em que você concorda com os termos de uso das plataformas digitais em que navega e interage. Afinal, como ficar de fora das notícias, das novidades dos amigos e da família, dos aplicativos, redes sociais ou daquela promoção de 70% de desconto, que chegou no seu e-mail?

As empresas precisam estabelecer um equilíbrio dessa relação, apresentado sempre informações relevantes, sem invadir a privacidade do consumidor e principalmente tomando todos os cuidados na guarda das informações.

Por mais que o consumidor tenha compartilhado seus dados, durante uma compra ou outro processo, é fundamental que a empresa solicite autorização para fazer ofertas, mesmo que essas sejam relevantes para o consumidor

Como é que a marca aprofunda os conhecimentos sobre você? Através dos rastros que você vai deixando na Internet, tais como: recorrência de consumo, depoimentos sobre serviços e produtos, interação nas redes sociais, conversas com o atendimento da marca ou até aqueles pequenos formulários de satisfação do cliente e pesquisas em buscadores. E esses são só alguns dos exemplos de como as empresas entendem quem você é. Surpreso?

 

Hiper-personalização: o codinome de sentir-se especial

Se estamos falando de compartilhamento de dados, é preciso saber que isso é a ponta do iceberg da hiper-personalização. Essa, que já pode ser considerada uma das mais novas maravilhas do universo empresa-cliente, tem como foco principal falar a língua do consumidor, usar o canal que você usa, te surpreender com sugestões incríveis e estar presente até depois da sua compra.

Para chegar nesse nível de quase perfeição, você vai precisar doar mais do que seu tempo em audiência para as empresas. Uma verdadeira dança de dados vai acontecer nos bancos de dados, sistemas de CRM e dos bots das empresas, que vão fazer um belo trabalho de organizar seu perfil. Mas você já pensou se isso cai em mãos erradas? Pois é.

Uma coisa que muitos esquecem ou nem percebem é que ainda está nas suas mãos o poder de compartilhar o que você é, o que quer e o que vai querer.

A Lei Geral de Proteção de Dados permite que as empresas públicas e privadas coletem dados pessoais dos usuários, desde que estes realmente aceitem isto, é responsável pela guarda das informações, mas não é proprietária, o consumidor tem total direito de pedir que seus dados sejam apagados das bases de dados das empresas a qualquer momento.

Sua marca favorita até pode apresentar ofertas para o seu dia a dia, mas tudo isso tem que ser feito de um jeito muito transparente e acompanhada de grandes responsabilidades para as empresas.

Responda rápido: você quer poder confiar em uma empresa? Provavelmente sim. Quem não quer? Para isso, a marca tem que seguir algumas regras básicas:

– Ser transparente na relação com o cliente;

– Deixar claro que tipo de informação precisa dele;

– Dizer como usará essa informação;

– Reforçar que ele tem a opção de desistir, em autorizar o uso dos dados ou ser cliente da marca;

– E, o principal: isso tudo tem que ser simples o bastante para o você ficar esclarecido e confortável.

 

O caminho das estrelas

Se você está disposto a dividir seus bens mais preciosos com algumas marcas, então é bom conhecer algumas das que descobriram o caminho das estrelas.

Uma delas é a Finding Ferdinand, que tem como DNA do negócio oferecer produtos de maquiagem criados pelos próprios clientes. A criadora da marca, Nhu Le, passou meses a fio imersa em pesquisas pela cidade de Nova Iorque a procura do que exatamente as pessoas estavam em busca quando se fala de cosméticos. A resposta foi arrasadora: elas querem escolher o que querem usar.

 

 

Parece óbvio, mas nem toda mulher quer usar um batom vermelho, mas sim um meio vermelho, com toques de rosa e nuances de vinho. Bem específico, certo? Eis aí o conceito de ser único. E dar o poder para você fazer o produto como realmente sempre desejou.

E já que estamos falando de cosméticos, que é um dos segmentos que mais conseguiu absorver essa estratégia, outra marca reconhecida por isso é a L’Oréal. A gigante francesa criou o app Makeup Genius, em que você digitaliza suas características, navega por uma gama enorme de maquiagens e experimenta quantas vezes quiser até escolher a ideal. E isso vale até para quando se está na loja: é só digitalizar o código de barras e experimentar na sua foto salva no app.

Tem mais, a empresa também lançou outro app, o Color Match, de uma das suas marcas mais famosas, a Garnier, em que você pode testar as 32 cores do portfólio de coloração e escolher a sua preferida. É ou não é uma ótima forma de hiper-personalização?

Estes exemplos são reais do conflito que sentimos quando queremos nos sentir únicos e especiais e ao mesmo tempo manter a nossa privacidade. Guardar e manter seus dados numa caixinha fechada a quatro chaves. Mas aí, é ficar totalmente por fora das maravilhas do mundo moderno e das facilidades que só a inteligência artificial e seus bots podem fazer especialmente para você.

Qual caminho escolher? Mais uma vez: é você, com todo o seu poder de consumidor, quem decide.

Por Marildo Matta